sábado, 17 de novembro de 2007

ATIVIDADE 2

NOME COMPLETO DO(A) ALUNO(A): Viviane Maus
DATA DA POSTAGEM: 16 / 09 / 2007
UNIDADE DE ESTUDO: Aprendizagens, Dúvidas e Trocas
ATIVIDADE: 2



APRENDIZAGENS, DÚVIDAS E TROCAS

De acordo com as leituras dos textos e reflexão vou colocar algumas das situações por mim vivenciadas ao longo desses últimos meses.
Como trabalho com duas turmas do Ensino Fundamental, venho percebendo o crescimento da “violência” entre os alunos. Ao me referir à violência reporto-me ao fato de que atualmente tenho uma dificuldade enorme em dar aula nessas turmas, visto que os alunos passam a metade do tempo ofendendo-se mutuamente. O clima está ficando muito ruim. Minha insatisfação me fez refletir sobre a nossa realidade, sobre as condições em que todos nós, alunos e professores estamos inseridos. Diante dessa reflexão fui percebendo aos poucos o porquê dessa situação. Na semana passada eu propus, em uma aula de Ciências, que os alunos trouxessem um pedacinho de vela e álcool líquido para a execução de um experimento. Tal experimento tinha como objetivo analisar a diferença de densidade entre a parafina(presente na vela), o álcool e a água. Para isso foi preciso utilizar as canecas de plástico da escola, pois cada grupo ao executar o experimento em seguida teria que fazer um relatório com suas conclusões à respeito. No entanto, fui chamada pela diretora na sala da supervisão, pois eu não poderia ter feito uso das canecas de plástico da escola. Percebi que a funcionária que trabalha na cozinha da escola havia feito reclamações a meu respeito porque costumo utilizar alguns utensílios de cozinha nos meus experimentos. Sendo assim, isso acaba “dando muito trabalho às funcionárias” no processo de limpeza das canecas que foram sujas com água e álcool. Enfim, a diretora também ressaltou que a escola não forneceria álcool aos alunos que não o trouxeram, pois é um material muito caro. Detalhe, as crianças que freqüentam a escola, em sua grande maioria, não possuem uma condição econômica favorável.
Fiquei bastante triste e desanimada com tudo isso que acontece nessa escola. O recreio é supervisionado por professoras do Currículo, as quais vivem reclamando da “indisciplina” dos alunos durante o intervalo. A diretora da escola não sabe dialogar, impõe-se com gritos e está sempre tentando intimidá-los com ameaças de perda do recreio, educação física, merenda, enfim. Por outro lado, diante dessa análise, me senti desafiada e percebi que é preciso que alguma coisa seja feita urgentemente, independentemente do apoio da direção e supervisão. Então, no final da semana passada, após minha frustrante aula de Ciências, preparei uma estratégia de mudança no recreio e no dia-a-dia das minhas turmas. Na primeira semana vou observar o recreio da escola. Em seguida, vou propor uma espécie de diário no qual, eles irão registrar o que fizeram ao longo da semana, na escola e em casa, assim poderei ter uma vaga idéia dos interesses de cada um. Vou propor uma discussão e reflexão sobre nossas atitudes em sala de aula partindo da letra de uma música que faz uma crítica à violência. Segundo Sartori, é necessário, primeiramente uma conscientização, para promovermos a mudança. Anotaremos quais atitudes podem ser mudadas por nós. Por fim, vamos organizar grupos que irão se responsabilizar pelo andamento do recreio, trazendo propostas como: música, esporte, enfim, alguns dos interesses que eles irão propor. Ainda não sei qual será o resultado dessa minha iniciativa, mas a única certeza que eu tenho é que eu vou tentar.
Portanto, o texto de Sartori veio a calhar, ou seja, veio de encontro justamente com aquilo que eu havia planejado nesse desafio imposto a mim pela realidade que enfrento nesse contexto escolar. Segundo ele, “no momento em que o homem integra-se ao seu contexto, compromete-se e constrói a si mesmo”.
Lembrei-me de outra situação que estou enfrentando na escola de Ensino Médio onde trabalho. Segundo Giroux, “quando os professores de fato entram no debate é para serem objeto de reformas educacionais que os reduzem ao status de técnicos de alto nível cumprindo ditames e objetivos decididos por especialistas um tanto afastados da realidade cotidiana da vida em sala de aula. A mensagem parece ser que os professores não contam quando trata-se de examinar criticamente a natureza e processo de reforma educacional”. Sendo assim, essa parte do texto vem de encontro justamente com a seguinte situação, nessa outra escola em que trabalho, o currículo escolar será alterado devido a uma determinação da Secretaria de Educação que nos obriga a incluir a disciplina de Ensino Religioso no currículo do Ensino Médio. Várias vezes me pergunto quais são as reais intenções em nos OBRIGAR a incluir essa disciplina no currículo dos alunos. Dessa situação que ocorreu e está ocorrendo em nossa escola, gostei da maneira "democrática" como tudo foi resolvido. Primeiramente a supervisão da escola nos fez pensar que podíamos decidir o rumo a ser tomado, ou seja, o que era mais viável a nossa realidade escolar. No entanto, "milagrosamente", em uma reunião, nos foi entregue um papel com as decisões que foram tomadas pela supervisão. Enfim, fizeram uma espécie de teatro para que pensássemos que tínhamos algum poder de decisão, mas nós mal sabíamos que estávamos fazendo papel de palhaços. Lembrei-me da parte do texto de Giroux que diz o seguinte, “ quando os professores de fato entram no debate é para serem objeto...” e ainda mais, “a tendência de reduzir os professores ao status de técnicos especializados dentro da burocracia escolar, cuja função, então, torna-se administrar e implementar programas curriculares, mais do que desenvolver ou apropriar-se criticamente de currículos que satisfaçam objetivos pedagógicos específicos”. Esse é mais um exemplo da política suja existente no nosso país pseudodemocrático. Um país de um povo sofrido que sustenta um senador que custa, em média, 30bilhões de reais por ano.
Com isso tudo, tivemos que reduzir a carga horária das seguintes disciplinas: Matemática, Física, Biologia e Química. Então, primeiramente, antes de modificarmos os currículos da nossa disciplina (Matemática), eu solicitei que os demais professores, das outras áreas, nos fizessem uma lista dos pré-requisitos de Matemática que eles necessitam em seus conteúdos. Por exemplo: a disciplina de Biologia necessita dos conteúdos de Probabilidade para ensinar sobre Genética, a Química necessita do conteúdo sobre Logaritmo para trabalhar Concentração de PH, enfim. Depois disso, nos encontraremos para discutirmos o que é realmente importante no aprendizado do aluno. Não sei se estou agindo corretamente, mas por enquanto essas foram as idéias que eu tive para solucionarmos esse problema.
Portanto, mudanças são necessárias e urgentes no contexto atual da educação brasileira. Percebo como é difícil lutar contra a inércia de toda uma cultura educacional arcaica e falida. Cultura essa que nos impõe desafios cada vez maiores na tentativa de promovermos mudanças, como diria Paulo Freire, “uma nova educação, que produza a conscientização para a prática da liberdade, ou seja, para a emancipação do ser humano”.
WEBFÓLIO - Comentários:

Postado por RENATO AVELLAR DE ALBUQUERQUE em 28/09/2007 03:33
Viviane, Achei sua atividade excelente, você fez uma reflexão sobre os textos, ilustrou suas práticas pedagógicas e as relações dos educadores com a educação em sua escola, fazendo um paralelo disso com o texto do Giroux. Foi atividade ótima neste sentido. Contudo, não compreendi porque existem partes nesse trabalho exatamente iguais ao primeiro trabalho, como seu penúltimo capítulo, por exemplo. Foi fantástica sua idéia de “propor uma espécie de diário no qual, eles irão registrar o que fizeram ao longo da semana, na escola e em casa, assim poderei ter uma vaga idéia dos interesses de cada um.”. Esta estratégia possui várias qualidades pedagógicas, o desenvolvimento da escrita, trabalho de registro de memória (podendo trabalhar história), uma avaliação da realidade onde moram e o tipo de relação que desenvolve com o lugar, seus interesses específicos e de grupo, além de uma forma de verbalizar seus sentimentos, o que pode explicitar coisas que os alunos não conseguem externalizar e que ficam sufocadas. Talvez essa idéia do diário possa render muito mais do que conseguimos pensar agora. Não deixe de retornar os resultados derivados destas atividades com os alunos nos próximos trabalhos, esses exercícios servem mesmo para isso, pensar teoria, aplicar na prática, retornar na teoria e fazer uma prática melhor.
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